Deus é Deus
Há uma coisa que precisamos reconhecer. Deus é Deus, Senhor de toda a história. Por ser Deus, consegue ser o Senhor da história, sem nos obrigar a nada. Não seria assim se tivesse os meus e os seus limites, mas exatamente porque é UNISCIENTE, sabe tudo, e pode tornar a história, ou seja, as minhas e as suas decisões (livres, sem o determinismo que os calvinistas "mais que Calvino" pregam), subordinadas a sua vontade. Assim, a vontade soberana de Deus sempre será cumprida, sem excluir a liberdade de ninguém. Para usar o exemplo de Judas, antes da história Deus já sabia tudo o que Judas, eu e você estaríamos fazendo com nossas liberdades, e pôde usar isto na consecução de seu plano. Ele é Deus. Quem pode sondar sua sabedoria? Ele não precisa nos tratar como robozinhos, pois conhece todas as coisas, e pode se dar ao luxo de tão somente usar todas as situações para abençoar ou não, da forma como quiser, sem nos isentar da responsabilidade de cada ato nosso.
No caso do paralítico, de João 5, Deus também usou o pessimismo dele, sua falta de fé, todas as circunstâncias em torno dele, para que naquele dia (o dia da cura) tivéssemos exatamente o acontecimento que glorificaria seu nome, e nos edificaria. Não houve determinismo no sentido de que o homem foi impedido de receber ou mesmo procurar a cura antes, mas houve, como todos os dias há, sua soberana presença na história, graciosamente mudando a vida de alguém.
Pessoas fracas precisam se impor. Nosso Deus não. Ele é Deus. E não precisa manipular ninguém. Conhece tudo. É um arquiteto de vidas, superior a tudo que possamos imaginar. E sempre fará com que "tudo coopere para o bem daqueles que amam a Ele, com o fim de que Cristo seja formado em nós" (Rm 8.28,29), olhando todas as coisas sempre da eternidade, e não com os olhos míopes que são comuns aos homens. Assim, para o ladrão da cruz, que dizemos ser o ladrão bom, estar na cruz, naquele dia, foi muito bom para ele, e todas as coisas que o levaram à cruz naquele dia foram usadas para o seu bem, mas as mesmas coisas, para o outro ladrão, não serviram para o seu bem, antes foram instrumentos para sua condenação eterna.
É assim. Deus não está na caixinha que querem coloca-lo. E nós somos os únicos responsáveis por nossos atos.