O DESENVOLVIMENTO NATURAL DA IGREJA - Síntese

15/08/2014 17:28

O DESENVOLVIMENTO NATURAL DA IGREJA

Por que o Desenvolvimento Natural da Igreja?

 

Feita uma pesquisa em mais de 1.000 igrejas, em 32 países, em 5 continentes, obtendo 4,2 milhões de respostas. O objetivo dessa pesquisa foi descobrir as marcas de qualidade que uma igreja precisa ter.

Como resultado da pesquisa e através de um índice de qualidade e quantidade concluiu-se que existem quatro categorias de igrejas:

A. Igrejas com qualidade acima da média, que crescem mais do que a média das igrejas e, ao mesmo tempo, com crescimento na freqüência dos cultos acima da média;

B. Igrejas com qualidade acima da média, mas com diminuição na freqüência dos cultos.

C. Igrejas com qualidade abaixo da média, com diminuição do número de membros.

D. Igrejas com qualidade abaixo da média, mas com crescimento na freqüência dos cultos acima da média.

Chegou-se a conclusão que uma igreja que almeja crescer, uma igreja que deseja aparecer na sua comunidade, uma igreja que deseja edificar os membros do Corpo de Cristo, uma igreja que deseja adorar a Deus com excelência, uma igreja que deseja ganhar muitas almas para Cristo precisa ter 8 marcas de qualidade!

Do ponto de vista de Deus todos os meios para a edificação da igreja estão à disposição já há tempo. O problema consiste em não usarem-se os meios que Deus dá. Tenta-se empurrar e puxar o carro com forças próprias (uma carroça com as rodas quadradas, inadequadas).

O desenvolvimento é natural porque aprende da natureza, da criação e isso é aprender com Deus. Quando se fala de desenvolvimento natural de igreja, não se trata do conhecimento de Deus, mas do conhecimento de princípios de edificação de igreja. E, nesse contexto, se basear nos princípios da criação é legítimo e recomendável.

Percebe-se aqui que a chave é o “potencial natural” que é a capacidade inerente de um organismo ou de uma espécie de se multiplicar e se reproduzir por si mesma. Esse é um princípio que o próprio Deus como criador colocou na natureza.

A diferença entre o potencial natural e o crescimento que ocorre nos campos naturais quando nos laboratórios, é chamado pela ecologia de “resistência do ambiente”. O que interessa não é produzir o crescimento e multiplicação, mas reduzir ao máximo a resistência do ambiente. Aí, então, o crescimento acontece por si mesmo.

O mesmo princípio vale para o desenvolvimento de igreja. A tarefa não é produzir crescimento de igreja, mas liberar o potencial natural que Deus já colocou na igreja.

Desenvolvimento natural da igreja é a liberação dos processos automáticos de crescimento com os quais Deus edifica a sua igreja. Assim igreja que cresce, cresce automaticamente.

Três termos chave para esclarecer melhor a diferença entre desenvolvimento natural da igreja e os procedimentos predominantes na igreja hoje são: modelo tecnocrático (instituições, programas e métodos são supervalorizados), modelo da espiritualização (instituições, programas e métodos são menosprezados), e modelo natural (proposta teológica que é fundamento para o desenvolvimento natural da igreja).

 

Oito marcas de qualidade

 

Marca número 1: Liderança capacitadora

 

A pesquisa comprovou que os pastores de igrejas que crescem, possuem estilo de liderança um pouco mais orientado para relacionamentos, um pouco mais preocupado com pessoas. Os líderes de igrejas que crescem concentram os seus esforços em capacitar outras pessoas para o ministério. Líderes que se vêem como instrumentos para capacitar outros cristãos e levá-los à maturidade espiritual, descobrem como esse aspecto leva “por si mesmo” ao crescimento.

 Lemos em Romanos 12.6-8… “Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção da sua fé. Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine, se é dar ânimo, que assim faça; se é contribuir, que contribua generosamente, se é exercer liderança, que a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia, que o faça com alegria”.

Paulo escrevendo aos Romanos disse que se alguém exerce liderança na Igreja de Jesus é necessário que essa pessoa exerça a liderança com zelo.

Algumas traduções bíblicas usam a expressão: “o que preside” ao invés da expressão “se é exercer liderança”. É uma variante textual!

Norman Champlin no seu Comentário Bíblico Versículo por Versículo do Livro de Romanos diz:  “Essa palavra fala sobre as funções administrativas na igreja local, envolvendo aqueles que são responsáveis pelo funcionamento ordeiro da igreja local”.

Todos os que fazem parte da diretoria, da liderança, os diáconos, os professores de classe, os músicos, os diretores de departamentos… Todos os irmãos que possuem um cargo na igreja são diretamente responsáveis pelo funcionamento ordeiro da igreja local.

Um líder da igreja zeloso buscará capacitação para servir a Deus melhor!

Uma igreja cresce naturalmente quando tem uma liderança capacitada!

Uma igreja com 8 marcas de qualidade cresce naturalmente…

 

 Marca número 2: Ministérios orientados pelos dons

 

À medida que cristãos vivem de acordo com os seus dons espirituais, eles não trabalham pelas próprias forças, mas o Espírito de Deus trabalha neles.

 Lemos em 1 Pedro 4.10… “Cada um exerça o dom que recebeu para servir os outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas”.

Todos os crentes receberam dons espirituais. E os crentes precisam exercer, praticar, aplicar, usar os dons espirituais.

A teologia do dom é a seguinte:  “Não é você que escolhe o dom. O dom é que escolhe você”.

Uma igreja só pode ter um cargo funcionando se tiver gente com dom espiritual para trabalhar naquele cargo. Uma igreja cresce naturalmente quando tem seus ministérios orientados pelos dons!

Uma igreja com 8 marcas de qualidade cresce naturalmente…

 

Marca número3: Espiritualidade contagiante

 

A espiritualidade dos cristãos depende, na verdade, se os crentes de uma determinada igreja vivem a sua fé com dedicação, paixão e entusiasmo.

Lemos em Atos 2.46… “Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração”.

Norman Champlin diz: “Os crentes comiam juntos, em grande alegria, porquanto suas vidas haviam assumido um novo propósito e destino. Faziam isso com Jesus como Senhor, enriquecendo as suas vidas. Note-se como Cristo se tornou o centro de toda a vida dos crentes; e sem dúvida isso é o segredo de sua intensa devoção”.

Espiritualidade contagiante é todo o povo de Deus adorando junto!

Espiritualidade contagiante é todo povo de Deus evangelizando junto!

Espiritualidade contagiante é todo o povo de Deus dizimando e ofertando junto!

Espiritualidade contagiante é todo o povo de Deus trabalhando junto!

Espiritualidade contagiante é todo o povo de Deus convivendo junto!

Uma igreja cresce naturalmente quando a espiritualidade é contagiante!

Uma igreja com 8 marcas de qualidade cresce naturalmente…

 

Marca número 4: Estruturas funcionais

           

Mesmo que as igrejas sejam tão distintas enquanto denominações e formas de constituição, existem elementos básicos que caracterizam igrejas de alta qualidade no mundo todo. Trata-se da elaboração de estruturas que possibilitam uma multiplicação constante do trabalho.

A igreja precisa ser funcional, a igreja precisa ser prática, a igreja precisa ser dinâmica.

A igreja precisa ter uma aparelhagem de som que funcione.

A igreja precisa ter um boletim que funcione.

A igreja precisa ter ministérios que funcionem.

A igreja precisa ter classes de EBD que funcionem.

A estruturas da igreja precisam funcionar!

Uma igreja cresce naturalmente quando as estruturas são funcionais!

Uma igreja com 8 marcas de qualidade cresce naturalmente…

 

Marca número 5: Culto Inspirador

           

Quanto ao aspecto do culto, fator que realmente importa é se o culto é uma experiência inspiradora (no sentido de inspiração que vem do Espírito de Deus).

Lemos em Romanos 12.1… “Portanto, irmãos, rogo-vos pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês”.

Algumas traduções bíblicas usam a expressão: “culto espiritual” ao invés da expressão “culto racional”. É uma variante textual!

O culto deve ser gostoso! No culto as pessoas devem ter uma experiência agradável e inspiradora.

A igreja deve ter um culto inspirado pelo Espírito Santo de Deus!

Todos os cultos da igreja (Domingo e durante a semana) devem ser cultos gostosos, cultos agradáveis, cultos inspirados pelo Espírito Santo de Deus.

Alguém disse:  “Ao sairmos de um culto devemos sentir saudade, devemos sentir um sabor de quero mais… O culto poderia ter demorado mais um pouquinho estava tão bom”.

Uma igreja com 8 marcas de qualidade cresce naturalmente…

 

Marca número 6: Grupos familiares (Pequenos grupos)

           

Se um dos princípios estudados deve ser considerado “o mais importante”, este é, sem dúvida, a multiplicação dos pequenos grupos. Grupos familiares são sustentadores do desenvolvimento da igreja.

Lemos em Romanos 16.5… “Saúdem também a igreja que se reúne na casa deles”.

O Apóstolo Paulo saudou a Igreja de Jesus Cristo, a Igreja do Novo Testamento que estava reunida no lar de um casal Priscila (Esposa) e Áquila (Marido). A igreja se reunia no lar de Priscila e Áquila para celebrar cultos a Deus.

Os cultos nos lares devem multiplicar constantemente!

“Os cultos nos lares fazem parte da essência da Igreja de Jesus Cristo!”.

Uma igreja com 8 marcas de qualidade cresce naturalmente…

 

Marca número 7: Evangelização orientada para as necessidades

 

A pesquisa mostra que em igrejas com índice de qualidade elevado a liderança da igreja conhece aqueles que têm o dom do evangelismo e os estimula e encaminha para o seu ministério.

 Lemos em 1 Coríntios 9.16… “Contudo, quando prego o evangelho, não posso me orgulhar, pois me é imposta a necessidade de pregar. Ai de mim se não pregar o evangelho”.

Norman Champlin diz:  “Deus desaprova a atitude de quem não prega o evangelho”.

Ao mesmo tempo que alguns terão o dom de evangelismo, e devem ser estimulados e ajudados a praticarem entusiasticamente sua vocação, a evangelização deve ser uma missão na vida de todos os crentes! Cada crente deve ser um evangelista!

Uma igreja com 8 marcas de qualidade cresce naturalmente…

 

Marca número 8: Relacionamentos marcados pelo amor fraternal

 

A pesquisa mostrou que existe uma correspondência altíssima entre a capacidade de amar de uma igreja e o seu potencial de crescimento. Isso implica em tempo de relacionamento após o culto, fora das programações da igreja, no dia-a-dia dos crentes.

Lemos em João 13.35… “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”.
Só é discípulo de Jesus quem ama o próximo!

“Nas igrejas evangélicas seria salutar haver uma classe de EBD chamada “Amorologia”. Os alunos aprenderiam que o discípulo de Jesus obrigatoriamente precisa abraçar o próximo, perdoar os erros do próximo, ajudar o próximo, orar pelo próximo, aconselhar o próximo… Objetivando mostrar que ninguém pode se considerar um seguidor de Cristo se não tiver amor para repartir!”.

“O amor de verdade dá à igreja um brilho produzido por Deus!”.

Se Deus é amor e somos imagem e semelhança dele, então também devemos ser amorosos.

Devemos buscar para a nossa igreja relacionamentos marcados pelo amor fraternal!

 

Nenhuma marca de qualidade pode faltar

 

O real desafio da pesquisa foi desenvolver um procedimento que pudesse medir e comparar empiricamente o crescimento das igrejas. O resultado foi a constatação de que igrejas que crescem estão significativamente acima da média de qualidade em todos os oito campos, enquanto as igrejas que estão em declínio numérico se encontram abaixo do valor médio de qualidade. O ponto crucial dessa pesquisa é que não há fator que por si só possa provocar o crescimento de uma igreja, mas sim a ação conjunta das oito marcas de qualidade.

Com base nos dados coletados, é possível demonstrar empiricamente, pela primeira vez, as seguintes três teses:

1. Igrejas que crescem se diferenciam estatisticamente, de forma significativa, em todos os oito campos.

2. Existem igrejas que crescem numericamente e que têm um índice de qualidade abaixo da média. Resta a discussão sobre o custo deste crescimento, sua mensagem, sua permanência em crescimento, etc.

3. Para uma regra, no entanto, não há uma única exceção: Toda igreja na qual o índice de qualidade em todas as marcas de qualidade está acima de 65 é, sem exceção alguma, uma igreja que cresce numericamente.

Existe, portanto, um valor qualitativo comprovável estatisticamente, que sempre leva uma igreja ao crescimento. Esse resultado é, possivelmente, a descoberta mais espetacular dessa pesquisa.

 

O fator mínimo

 

A estratégia do fator mínimo parte do ponto de que as marcas de qualidade menos desenvolvidas de uma igreja são as que mais bloqueiam o seu crescimento. Ou seja, se energias forem concentradas, principalmente nos fatores mínimos pode-se esperar que isso, por si só, já trará desdobramentos positivos sobre o crescimento da igreja como um todo.

A estratégia do FATOR MÍNIMO não implica em que deveríamos nos concentrar sempre sobre aquilo que está mais errado na igreja. Devemos continuar vivendo e investindo nos pontos fortes da igreja. Tão somente é preciso que Fatores Máximos sejam utilizados como ferramentas para alcançar o desenvolvimento dos Fatores Mínimos.

Se um ponto forte é o culto, pode ser usado para fortalecer a Evangelização, os ministérios, os relacionamentos, etc. Se Ministérios é fator máximo, e evangelização é fator mínimo, os dons identificados devem ser instrumento de apoio. Se uma das marcas de qualidade faltar ou estiver muito fraca, os fatores máximos precisam se voltar também para os mínimos.

 

Seis princípios da natureza aplicáveis ao crescimento da igreja

 

Primeiro princípio: Interdependência

 

Quando uma igreja trabalha em uma das oito marcas de qualidade, não só aumenta o índice nessa área, mas aumenta os índices em todas as oito áreas. E essas conseqüências podem ser tanto positivas quanto negativas. O que importa é criar uma forma de interdependência que possibilite a multiplicação contínua.

 

Segundo princípio: Multiplicação

 

  A igreja se perpetua pela multiplicação. Uma igreja não deve ter por objetivo se tornar uma “mega-igreja”, mas multiplicar-se continuamente, assim como uma árvore não cresce indefinidamente, mas produz novas árvores, que por sua vez, também vão produzir outras árvores.

No princípio do crescimento orgânico podemos observar que a sua singularidade está no fato de que ele só aparece temporariamente e que já contém o próximo estágio embutido em si mesmo. O organismo não cresce indefinidamente, mas se reproduz e, assim, garante uma forma de “crescimento” que supera a sua própria individualidade.

 

Terceiro princípio: Transformação de energia

           

Este é o princípios de desenvolvimento da igreja menos conhecido de todos. A transformação de energia consiste em utilizar forças contrárias ao desenvolvimento da igreja, de forma inteligente, fazendo com que sejam úteis a obra de Deus.

Uma ótima ilustração para o princípio da transformação de energia é o surfista. Em vez de lutar com esforços imensos contra as ondas (mentalidade de boxeador), ele aproveita a força das ondas por meio de manobras inteligentes.

 

Quarto princípio: Efeitos múltiplos

 

O princípio dos efeitos múltiplos é a melhor terapia para a múltipla sobrecarga de inúmeros cristãos. Na natureza não há lixo: uma folha que cai da árvore se transforma em húmus e dessa forma fornece nutrientes que vão contribuir para o crescimento da árvore.

Esse princípio consiste em utilizar uma mesma energia em mais efeitos. Ou seja, num mesmo programa, por exemplo, treinar líderes e ensinar outras pessoas.

 

Quinto princípio: Simbiose

 

É lamentável que para muitos cristãos o ideal de unidade tenha sido intimamente relacionado ao conceito de um sistema monopolista, como em uma monocultura onde todas as plantas são iguais. Ao final, a monocultura em excesso deteriora o solo.  

Esse princípio consiste na interdependência das diferentes “espécies” de dons e talentos (pessoas) no trabalho. Trata-se de diferentes experiências rumando juntos e beneficiando-se tendo um mesmo objetivo.

  

Sexto princípio: Funcionalidade

 

Todo ser vivo da criação de Deus é caracterizado pela capacidade de produzir fruto. Onde não há mais “fruto”, o ser vivo está condenado à morte. Aqui é verificada a qualidade e a quantidade desse “fruto”.

Na natureza tudo está voltado para dar frutos, tanto no sentido literal quanto figurado. Quando falta o fruto pode-se afirmar que há problemas.

 

A pessoa que refletir a fundo sobre os seis princípios naturais irá notar que, na essência, podem ser reduzidos a um. Ou seja, a pergunta a ser feita é: “O que se pode fazer para criar condições em que os processos automáticos de crescimento com que Deus equipou a sua igreja possam ser liberados para agirem mais do que aconteceu até agora?” E isso é pensar de acordo com os princípios da natureza.

Percebe-se então que o segredo das oito marcas de qualidade não está nos substantivos (liderança, ministérios, espiritualidade, estruturas, culto, grupos, evangelização e relacionamentos), mas nos qualificativos (capacitadora, orientados pelos dons, contagiante, funcionais, inspirador, familiares, orientado para as necessidades e marcados pelo amor fraternal). O que realmente torna o índice de qualidade de uma igreja elevado é ela conseguir liberar, em todas as áreas de trabalho, os processos automáticos de crescimento dados por Deus. Isso é o contrário do usual nas igrejas.

 

Um novo paradigma

 

A lei da bipolaridade diz que a uma ação sempre corresponde uma reação. A relação entre os pólos libera um fluxo de energia que tem influência direta sobre o que é chamado de “princípio da auto-organização”.

No conceito da bipolaridade o pólo dinâmico e o pólo estático estão em correspondência entre si. Isso recebe amparo no NT, onde os pólos coexistem e não se excluem mutuamente (1 Pe 2.5, Ef 2.21, Ef 4.12, 1 Co 3.9).

Há perigo, no entanto, de inclinação para algum lado. Esses perigos representam tendências que inclinam ou para o lado espiritualizado ou para o tecnocrata. É como se o desenvolvimento natural da igreja estivesse no centro, englobando o conceito bipolar do pólo dinâmico e do pólo estático que coexistem como paradigma desse desenvolvimento.  À esquerda estaria o dualismo, que prioriza a dinâmica e o separa do seu contrapeso estático, perfazendo o paradigma da espiritualização. E à direita estaria o monismo, priorizando o pólo estático, absolutizando-o e tornando-o simplesmente institucional, o que representa o paradigma tecnocrático.

Há perigo à direita e à esquerda. O problema é que a maioria dos cristãos pensa de forma dualística ou monística; ou então pensam de forma espiritualizada ou tecnocrática.

A forma monista de pensar é como se ouvíssemos a música só em “mono” e afirmássemos que é a melhor música que já ouvimos. Temos a convicção de que estamos ouvindo a coisa toda.

A forma dualista de pensar é como se ouvíssemos somente o alto falante esquerdo, afirmando que a caixa da direita é desnecessária ou até prejudicial para o real prazer de ouvir a música

A estratégia do desenvolvimento natural da igreja e os perigos à direita e à esquerda: enquanto o monismo confunde um polo com o outro, o erro do dualismo é separar os polos um do outro

Tanto tecnocratas quanto os defensores do paradigma da espiritualização não conseguem compreender a bipolaridade. Percebe-se então que o que é necessário no cristianismo é uma renovação da mente. O problema está nas pressuposições e paradigmas – pouco questionados – com que as experiências espirituais são classificadas.

Nesse contexto percebe-se também que a observação da igreja somente pela ótica quantitativa, não é suficiente para representar a dinâmica do crescimento de uma igreja. E para tornar essa forma de ver as coisas, prática, verifica-se a chamada “espiral de igreja”. Ela integra o crescimento e a edificação, o aspecto orgânico e o técnico, o linear e o circular. Assim, se no aspecto qualidade é possível trabalhar e “construir”, no aspecto quantidade só é possível “deixar crescer”. Não é possível produzir o crescimento quantitativo, mas é possível elevar o índice das oito marcas da qualidade por meio de medidas e iniciativas concretas.

 

Dez passos para a ação

Marcas de qualidade, fator mínimo, princípios da natureza e novo paradigma – esses quatro blocos são o fundamento do desenvolvimento natural da igreja. A idéia principal que percorreu todas as quatro partes do livro até aqui é a aplicação do que é chamado, com base em princípios bíblicos, princípio do “por-si-mesmo”.

Com os dez passos a seguir é possível mostrar como cada igreja pode transformar os princípios do desenvolvimento natural da igreja em um “programa” adequado para a sua situação.

 

Passo 1: Fortalecer a motivação espiritual

Desenvolvimento de igreja só existe para a adoração a Deus. Aqui o passo fundamental é que os cristãos sejam renovados na sua paixão por Jesus.

 

Passo 2: Descobrir os fatores mínimos

Toda igreja, sem exceção, tem fatores mínimos. Isso significa que a concentração dos esforços nessa área trará os melhores resultados para o desenvolvimento da igreja.

 

 Passo3: Colocar objetivos qualitativos

Objetivos qualitativos significam objetivos precisos, determinados dentro de um cronograma, mensuráveis, que têm como o objetivo a elevação do índice de qualidade de uma igreja.

 

Passo 4: Identificar os empecilhos

Os empecilhos reais geralmente estão ligados a modelos errados que tendem a querer ser implantados.

 

Passo 5: Pôr em prática princípios da natureza

Os princípios da natureza podem ser entendidos como uma lista de padrões a ser consultada para cada decisão que precisam ser tomadas no ministério.

 

Passo 6: Aproveitar os pontos fortes da igreja

O lema do desenvolvimento natural da igreja é aproveitar os pontos fortes para ajudarem a desenvolver os fatores mínimos da igreja.

 

Passo 7: Implantar material baseado em princípios da natureza

Cada uma das oito marcas da qualidade possui material específico de trabalho, desenvolvido pela instituição do autor. Esses materiais trabalham os princípios da natureza voltados para a comunidade e seus membros.

 

Passo 8: Acompanhar o progresso

A forma mais simples de avaliar o andamento do processo é repetir o teste do perfil da igreja.

 

Passo 9: Concentrar-se em novos fatores mínimos

O trabalho para elevar o fator mínimo não se resume a uma ação única, mas é um processo contínuo.

 

Passo 10: Reproduzir a vida

Na criação de Deus o crescimento não continua indefinidamente. Um organismo sadio não cresce até o infinito, mas se reproduz em mais organismos, cuja tarefa é se multiplicarem também.

 

Desenvolvimento da igreja na força do Espírito Santo

Os princípios do desenvolvimento natural da igreja são os próprios princípios de Deus. Essa convicção permeou todo o livro. O desenvolvimento da igreja na força do Espírito Santo representa, em primeiro lugar, parar definitivamente de querer empurrar e puxar a igreja por força própria. Em segundo lugar significa colocar em prática os dons e talentos da igreja e em terceiro lugar significa ser guiado pelo espírito Santo.

 

Referência

SCHWARZ, Christian A. O desenvolvimento natural da Igreja. Curitiba – PR: Editora Evangélica Esperança.